Balão de Chumbo, alcool, e outras coisas mais.
E era escuro, e era frio. E lá estava eu olhando pro Nada e esperando por Ninguém. Ah, no que eu pensava? EU pensava em arte... pensava nos urubus que tinha virado arte na Bienal em São Paulo. Entende como eu me sinto? Não. Eu não sei compor, eu não sei recitar, eu não sei filosofar. Se você me perguntar sobre o que eu escrevo, lhe responderei o seguinte: “Eu escrevo sobre o Nada!” (?). Isso até se mostra como uma forma de niilismo. Mas é realmente isso. Ou não. Não! E eu estou enfatizando isso, porque de alguns textos que li hoje, dois, estavam relacionados à esse niilismo, que é exatamente o nada- e o que realmente não faz sentido. Eu pude ver a mim. Sentada na área de casa, sentindo um tremendo frio, mas sem vontade de sair dali, porque aquele momento me trouxe paz. Era escuro e não haviam estrelas no céu. Então naquele momento eu senti o abraço apertado da minha mãe. Eu senti o perfume dela, que era doce. E imaginei ela. Isso durou muito pouco, mas poderia jurar que senti o cheiro dela. Noutro momento estava eu, parada no ponto de ônibus, ao lado de muitos adolescentes, -da minha idade- que aguardavam eufóricos ou cansados o admirável Transporte Urbano, mas nenhum deles entende como eu me sinto. Pois eu não sinto nada. Só percebo que as coisas boas da vida estão se indo, e deixaram profundas marcas na minha alma. Minha melhor amiga se foi, a outra também, e a outra está se afastando cada dia mais. Esse meu momento tem até trilha sonora, que é interpretada pelo Tequila, “sinto que existe agora, uma distancia bem maior entre nos dois, maior que o inferno e o céu...” e o resto não importa. Depois, imaginei-me em casa, sentada no sofá, ouvindo Wander Wildner- as musicas dele são uma droga, mas eu gosto-, e, do nada eu pego a vassoura, e simulo que estou num show, estou no palco, e a vassoura é a minha guitarra, bato descontroladamente nas cerdas verdes, como se realmente pudesse extrair sons dessa minha guitarra. Me jogo no chão, imaginando como Steve Vai faria, e lá fico. Quando caio na real, começo a rir, como uma lunática, sem motivos. Mas de repente tudo isso se dissipa e eu estou deitada na cama, ela tem um cheiro bom. Estou abraçando um travesseiro, buscando o sono que não vem. Levanto, vou até a cozinha e pego uma garrafa de vodca, e tomo alguns goles. Minha boca amortece e volto para a cama. Fico lá, imaginando coisas. Ouço Led Zeppelin no fone de ouvidos, o volume é muito alto para uma noite silenciosa, posso até sentir meus tímpanos vibrando eloquentemente. Adormeço mesmo com o som alto. E... cá estou eu agora, sentada no chão do meu quarto, com uma perna erguida, olhando pras paredes azuis, e pro pôster dos Beatles que ocupa a minha parede. Olho pra cima da cama, e vejo o violão... me arisco a toca-lo novamente, mas sei que não sairão melodias. Posso ouvir Axl sussurrar, no meu ouvido, o som está desligado, mas ele falou, e só eu ouvi. “Vivo sempre no limite - um lugar muito, muito perigoso...” Talvez agora até meu quarto seja um lugar perigoso para mim. Mas eu vivo no limite.
... Você escreveu isso? Isso está bastante bom! Sugiro algumas conversas sobre escritos - não é fácil encontrar alguém que escreve assim nesta cidade.
ResponderExcluirEi... Por falar nisso, eu vi a obra do Nuno Ramos na última bienal de SP. Incompleta, é claro...
ResponderExcluirLegal! Mas... na verdade achei uma droga aquilo.
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