terça-feira, 14 de junho de 2011

All we are is 'Dust in the Wind'


Elas sempre vem à noite.
Nas vazias geralmente. No inverno são mais frequentes. Me vem no verão também. Mas essa é uma noite fria, vazia e solitária. Houve uma morte hoje, e parece que esse fato me deixa com medo. E o medo por si só já é bastante gelado.
Sentei-me na varanda e fiquei a observar a Lua, está cheia e bela. Algumas estrelas. Quando eu era criança me falaram que quando uma pessoa morre, se torna uma estrela. Mentira. O que fizeram foi mentir para nós. Mentiras tolas, sem necessidade. Mas assim mesmo, mentiras.
Sinceramente, certas verdades preferiria nunca ter conhecido.

domingo, 20 de março de 2011

Amor em Formato Mínimo, Por Ana Caroline


Aquela era uma bela tarde. Eu estava apressada, mas mesmo assim resolvi passar pela fonte perto de casa, era um lugar que sempre me trazia paz. Chegando lá, bebi um pouco daquela água pura que vinha da nascente. Olhei o relógio e percebi que estava uma hora adiantada, estava tão apressada que nem olhei direito que horas eram, mas isso significava que ainda era cedo para ir à escola.
Então parei na fonte e fiquei pensando nas coisas que vinham me passando pela cabeça naqueles dias. E eram muitas coisas, desde minhas “auto - decepções” até minhas mais idiotas ilusões. Uma senhora passava por ali, e quando ela se aproximou da fonte eu ajudei-a a coletar um pouco de água. Enquanto eu continuava divagando e ao mesmo tempo ajudando aquela senhora nem percebi que ele havia chegado.
E ele estava tão lindo quanto eu sabia que ele era. Cumprimentamo-nos, e enquanto eu auxiliava a senhora, fiquei pensando em como minha relação com ele era supérflua. Se um dia tivemos uma amizade mais profunda eu nem lembrava.
Enquanto a senhora ia embora, eu sorria. E ainda sorrindo, percebi que ele me observava. Meu olhar se cruzou com o dele, e senti que entre nossos olhares cruzou um sentimento. O tipo de coisa que só vemos em filmes e novelas. E naquele instante, eu tive a impressão de que ele me desejava tanto quanto eu o desejava.
Conversamos sobre assuntos triviais, do nosso cotidiano. Sinceramente, mal me lembro do que falamos. Mas lembro de cada uma das suas expressões. E aquele sentimento que ocorreu com aquele olhar, não era minha imaginação. Soube disso quando percebi que esse sentimento crescia durante a conversa. Então nos beijamos.
Esse beijo foi inesperado, apesar de eu esperar por ele á algum tempo. Era um beijo diferente, devagar, quente, aliás, tudo nele era quente. Era um beijo bom, melhor do que os outros poucos que eu havia experimentado.
Então seu celular tocou. Falou com certa indiferença com a pessoa do outro lado da linha. Disse que já a esperava. Pensei que não seria ninguém tão importante, ele pouco se importou ao que parecia. Mais alguns beijos aconteceram. E no meio de outra conversa nossa, eu ouvi passos.
Olhei para trás e vi uma garota aproximando-se. Num instante entendi tudo. Mas a verdade é que não me importei com ela. Foi a mesma sensação que as amantes devem ter quando veem a esposa do seu amado. Sem surpresa nem choque algum. Mas eu sabia que ela não era sua namorada, se ele tivesse uma eu saberia. Ela era só “mais uma”, afinal eu não era a única naquele lugar que podia ver como ele era lindo. Nesse instante, tive medo de também ser só mais uma. Perguntei-lhe se eu deveria ser discreta quando ela se aproximasse. Ele simplesmente fez que não com a cabeça como se isso não importasse. Tentei disfarçar assim mesmo, mas acho que não funcionou bem.
A garota se aproximou, eu a conhecia, já fizera parte da roda de amigas da minha irmã, e eu nunca pude imaginar eles dois. Ela estava exageradamente maquiada e bem arrumada. Fuzilou-me com os olhos. Fuzilou-o mais ainda. Perguntou-lhe como ele era capaz de fazer isso com ela. Impus-me, disse que estava sendo idiota de imaginar qualquer coisa entre nós, pois éramos amigos há anos. Ela não deu importância. Insultou-o e saiu a passos largos.
Ele não pareceu preocupado com ela, só pensou tê-la magoado e isso era ruim. Pedi-lhe desculpas por ter lhe causado essa situação. Ele deitou-se no banco e disse que não, que eu não tinha que pedir desculpas. Senti-me mal mesmo assim. Ele me fez sentir como se eu fosse especial para ele. Mas há algum tempo eu estava cansada de ilusões. Preferi acreditar no seu sentimento apenas naquele instante. Deu-me um último beijo que foi forte e pareceu sofrido. Como se se despedisse.
Naquele dia, fui à escola sem nenhum atraso. Porém fiquei pensando em como aquele dia iria influenciar nossa amizade. Sabia que se isso não desencadeasse num romance, simplesmente nos afastaria. Era praticamente impossível continuar uma amizade após aquilo. E uma amizade me faria desejar mais dele, o que não daria certo.
Então fiquei desanimada, querendo mais daqueles beijos, daquele corpo quente. Daquele jeito que só ele tinha e que eu sempre lembraria. Talvez eu voltasse àquela fonte todos os dias, ou talvez eu nunca mais quisesse passar perto. Mas isso eu só saberia com o tempo, e sinceramente eu sempre preferi os finais felizes.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Só duas amigas,

         Enquanto a cidade dorme, eu curto meu rock’nroll, enquanto a chuva cai  eu curto meu rock’nroll, tenho pra onde ir, mas gosto daqui, o sofá é quente e as almofadas são confortáveis. No rádio toca um bom punk rock, mas eu penso no Raul. Aquele cara soube exatamente como cativar uma guria, mesmo alguns anos depois de morto. Inferno! Hoje o sol não vai se pôr. Eu vou trabalhar, vou plantar o que puder e depois cuidarei do que plantei. Lerei um livro, e não vou esperar muito de mim mesma, sugiro que você faça o mesmo. Digamos que hoje, o dia é meu. Estou de férias, mas não vou viajar, não ainda. Talvez eu vá. Mas vou sozinha. Vou pra qualquer lugar, gastarei meu dinheiro em coisas inúteis. Talvez num bar, só precisarei de companhia. Pelo menos no Natal, torrar minha grana em cerveja e chocolate. Ah! Isso já aconteceu uma vez, acredite amiga, nunca vou esquecer. Um dos melhores natais da minha vida. Não por causa da cerveja, não por causa da chuva, e nem por causa do chocolate. Por causa de você, e da nossa amizade. Só por estarmos lá. Aqueles momentos que o vento não levou. Eu sei disso. Ainda acredito naquele tempo, em que idealizávamos a vida, e as pessoas. Passou. Pronto. É passado. Mas foi importante pra mim. Ainda lembro de tudo aquilo. E amo essas lembranças.

PS.: Essa foi da guria do bar, pra guria do 63. ;D

Sweet, sweet little Ramona

            Então, eu tava deitada na minha cama, ouvindo a chuva que batia sem cessar na minha janela e no telhado. Era um som maneiro, lembrava uma bateria.
Ontem eu cheguei tarde, levemente alcoolizada. Nada muito significativo, apenas “alegre”. Acho que finalmente meus pais passaram a confiar em mim. Isso é bom, na verdade é ótimo. Ontem eu precisava beber, sair com os amigos. Fui chutada pra escanteio. Eu tinha um encontro, mas ele cancelou. Nem ligou, só mandou um torpedo. E deu. Fácil assim. Tentei ficar brava. Mas não consegui. Não mesmo. Tava tudo bem comigo. Eu tava me sentindo bonita, só pelo que sou. Pela primeira vez em muito tempo, estou escrevendo alguma coisa sóbria, só Por escrever. Os guris me trouxeram pra casa, a gente tava feliz. Falando bobagem depois da meia noite. É bom tê-los em minha vida. Hoje eu vejo como é bom.
           Eu dormi muito hoje, e agora to sem sono. Já passam das 23:00h e eu não tenho pra onde ir. O PC ta sem internet, eu não disse tchau pro pessoal do MSN. Tive uma das conversas mais divertidas dos últimos meses, com um cara que eu nunca tinha visto. Ele é legal! HAHAHAHA – não fiquei afim dele, não mesmo. Mas gostei do carinha, que culpa eu tenho se ele tem cabelo grande. Meu quarto tá uma zona, mas eu não vou arrumar, hoje não. To ouvindo Kansas no celular. Na verdade eu queria ouvir Ramones, mas o cd tá no carro, e eu não to afim de ir lá buscar. Não mesmo!
           Agora parou de chover. E eu ouço Beatles, incrível como eu curto os Garotos de Liverpool, todos curtem. Ei, ia vamos lá! Stephen King disse que o homem planta o que pode, e cuida do que plantou. Eu concordo com ele, principalmente numa noite tão solitária. Em meados de 05 de dezembro. Esse ano minha casa não vai ter decoração de natal. Mas eu não me importo. Acho que estou crescendo, amadurecendo. A saudade já não me consome, não como antes. Não odeio mais o mundo, e nem a mim mesma. Aos poucos estou encontrando a paz interior. Nos meus livros, nos meus discos, no meu rock’nroll. Deixei de idealizar certas coisas, e as pessoas. Não acredito mais em nada. Só em mim mesma. Tudo está consumado. The Scarlet Rose is Die. Foi o Tobias que disse, e ela não voltará. Precisamos fazer um mantra ou uma oração, pedir que os deuses nos ajudem. “Quando estiver sozinha, entregue-me seu corpo porque a sua alma já é minha”. Foi a coisa mais bonita que me falaram hoje. Acredite.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Escadaria para o Céu

         Enquanto corria, pude ouvir os sons emitidos pelo Lobo, sempre eufórico e agressivo. Eu precisava sair, ir lá fora, olha a Noite, mas algo me aprisionava dentro de casa, dentro de mim. Na verdade eu não queria sair, o lugar onde eu estava era mais seguro. Mais aconchegante. Mas assim mesmo, eu fui, precisava verificar se os portões estavam devidamente fechados, eu levava o Freud*, só por precaução. Então notei que a rua estava completamente vazia. Deserta. As luzes nos postes piscavam com freqüência, uma rua tão pacata. As arvorezinhas enfileiradas me lembraram um filme americano. Aquela rua, aquela cidadezinha do interior - com pose de cidade grande, mas assim mesmo provinciana - poderia ter sido cenário de um crime. E o dia seguinte poderia ser o dia que L.s não viu nascer. Nada como uma noite quente e vazia para nos encher de idéias. Fechei o portão que faltava. E, uma coisa me chamou a atenção, havia luzinhas de Natal numa das casas da vizinhança. Diabo! Eu nunca havia reparado em como elas se tornam tão irritantes numa noite vazia e quente. Aí, voltei correndo para dentro de casa, pude ouvir os latidos do Lobo, mas aqui dentro, é mais seguro!
          Precisava de um banho. A água estava quente, mas eu nem liguei. Algumas partes do meu corpo doíam, mas eu não me importava. Ao fundo, podia ouvir meu irmão tocando guitarra, ao som de Cannon Rock. A única coisa que eu sentia era o gosto de amendoim na garganta. Parece que meu organismo não reage muito bem após diversas paçocas.
           Debaixo do chuveiro, agora ouvindo apenas o som da água batendo em meu corpo e a minha profunda respiração. Pensava em arte, música e filosofia. Ah! Mal poso expressar, me senti tão feliz ao ver meu rosto espinhento e meu cabelo cacheado, porque alem disso, meus olhos, que eram pura arte, música e filosofia! Após o momento narcizista, só pensei em Kant. Pobre Kant, que fez tanto por nós e muitos só lembram que ele impossibilitou a metafísica. Mas quem se importa com metafísica e Kant, quando se pode pendurar luzinhas na janela. Malditas luzinhas. Só eu sei o quanto elas tem o poder de me irritar.

domingo, 21 de novembro de 2010

Just sometimes

Só posso sentir o frio,
E no espelho, reflete apenas a solidão.
No escuro deste quarto, só me resta o vazio.
Nada, nada além de um coração,
Um coração que insiste em continuar a bater...

Já não posso controlar,
Ouço os teus passos, e isso me angustia.
Tenho medo de ti,
Ó solidão que me confina
Vejo as tuas feições,
Mas é escura a tua retina,
E não posso evitar,
Minha pele arrepia, meu coração pulsa em imaginar,
É você que desejo, é você que procuro,
E, num instante, ouço um som que me alucina,
Vejo o vulto que me assusta,
E de repente,
Volta apenas o vazio novamente.

No escuro deste quarto, só um coração que insiste em bater.

Piece of My Heart

Eu adoro essa menina.

(Leia nas entrelinhas, olhe através dos olhos dela e você vai amá-la também)

O vento selvagem já está soprando
A dor se tornou insuportável
Um dia eu vou ter você aqui comigo
Porque eu preciso disso, e "Eu quero tentar fazer você a pessoa mais feliz do mundo"


(Escrito de um amigo, que eu realmente amo!)