Noites de um inverno vazio. Vejo minha doce solidão que me acalenta. A bagunça do único ambiente que chamo de meu, é convidativa. O álcool no meu sangue já não produz o mesmo efeito de antes.
O pôster na parede traduz o sorriso sarcástico de Paul. E a poeira nos móveis, ah está apenas me lembra quão velha estou ficando. Os belos ursos sorridentes, ensacados sob o guarda-roupas, o violão num canto, há tempos não o toco, a saudade é grande, mas a acomodação é maior. Vejo tantos textos que ora escrevi, mas hoje não mostram nada que se enquadre ao meu psicológico jovem, porém abalado.
A cada dia percebo que venho perdendo a sensibilidade. Não choro mais como antes, não aprecio o sol poente, não sinto o perfume das flores. Apenas existo. E corro. Meu ônibus não me espera, preciso me apurar.
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